Texto de Pedro Sérgio da Silveira (DCE UFSM/UNE)
Fotos: Rafael Cabral Macedo (DCE UFSM/DAMED)
Cria vergonha! O seu REItor, não te elegeram pra virar um Ditador!”
Na manhã desta terça-feira (22/6) o movimento estudantil da UFSM barrou a realização do CEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) que iria aprovar de forma autoritária a proposta de novo vestibular elaborado pela Reitoria da UFSM.
Os estudantes se manifestaram tanto por discordar da proposta elaborada pela Reitoria, como por repudiar a forma antidemocrática que a mesma vem encaminhando o processo, sem realizar um amplo debate com toda a sociedade.
Atualmente a UFSM possui dois processos seletivos: 80% ingressam pelo Vestibular tradicional e 20% pelo PEIES (Programa de Ingresso ao Ensino Superior), programa de avaliação seriada durante todo o Ensino Médio. Em 2007 conquistamos a aprovação do programa de Ações Afirmativas da UFSM para estudantes oriundos de escolas públicas, afro-brasileiros, indígenas e portadores de necessidades educativas especiais.
A proposta construída pela Reitoria é a fusão entre PEIES e Vestibular, acabando com percentuais específicos de cada modalidade, que passarão a se chamar Modalidade Seriada e Modalidade Única, além de utilizar 20% da composição da nota pelo Novo ENEM. Na prática isto irá acarretar um grande prejuízo a toda educação gaúcha, pois reforçará a padronização curricular e o engessamento do trabalho docente nas escolas, estimulando um viés alienante de educação bancária, a competição e a decoreba, disseminando “cursinhos pré-PEIES” por todo o estado. Esta proposta foi simplesmente apresentada em “audiências públicas” sem divulgação e nenhuma crítica foi sequer considerada. (disponível no site da Coperves)
O DCE-UFSM elaborou uma proposta alternativa de forma de ingresso, o Processo Transversal de Seleção, o qual protocolou no CEPE em contraponto a proposta da Reitoria. O PTS consiste em um processo seletivo em duas etapas, ambas com peso de 50%. A primeira etapa é o Novo ENEM, com o objetivo de contemplar o currículo escolar e por ser uma prova mais reflexiva, sem, no entanto, disponibilizar as vagas da UFSM ao SiSU (Sistema de Seleção Unificada) do MEC. A segunda etapa consiste de uma prova dissertativa de 5 questões, elaborada a partir de um tema transversal sorteado dentre dez temas transversais (gênero, meio ambiente, direitos humanos, etc.) divulgados pela UFSM para toda sociedade no início de cada ano, sendo elaborada uma prova específica para cada área do conhecimento (Centros da UFSM, rurais, humanas, artes, saúde, etc.). O principal objetivo desta proposta é gerar um menor impacto da UFSM no Ensino Médio, maior liberdade para as escolas e educadores formarem seu currículo e definir sua metodologia de ensino, estimulando o uso dos Temas Transversais e o trabalho multidisciplinar entre os educadores, com o incentivo a leitura, a escrita e a reflexão crítica aos educandos. (Proposta completa)
A Reitoria da UFSM praticamente desconsiderou a proposta elaborada pelos estudantes e não a encaminhou ao CEPE. Já em relação a sua proposta oficial, mesmo sem esta estar na pauta do CEPE de sexta-feira passada (18/6), através de uma manobra política o Reitor fez com que fosse à discussão, em que o DCE pediu vistas do processo para apresentar um parecer contrário. Em uma nova manobra, o Reitor convocou para esta terça-feira (22/6) a realização de um CEPE extraordinário.
Patrolando de ponta a ponta! educação: quem vai pagar a conta?”
Diante desta situação, cerca de 100 estudantes mobilizaram-se para barrar a realização deste CEPE extraordinário e exigir que a proposta elaborada pelo DCE entrasse para a pauta do Conselho, que deve ser realizado em sessão ordinária na quinta-feira da próxima semana (1/7). Munidos de cartazes e apitos os estudantes foram até o último andar da Reitoria e impediram a entrada de qualquer pessoa na Sala dos Conselhos, conquistando os objetivos do ato. Assim, na próxima quinta ocorrerá um CEPE em que estarão em pauta as duas propostas de forma de ingresso para a UFSM existentes na UFSM. Após a realização do ato discutimos com o Reitor na Sala dos Conselhos, apresentando nossas divergências e cobrando a realização de um Congresso Estatuinte Paritário para democratizar a UFSM. (notícias televisionadas na mídia gaúcha aqui e aqui, que não explicam direito o que aconteceu.)
Na tarde desta quarta-feira (23/6) foi realizado um debate pelo DCE sobre as duas formas de ingresso em questão e os impactos no Ensino Médio, contando com a presença da Reitoria, DCE e educadores, em que novamente confirmaram-se nossas críticas a proposta da Reitoria, que não passa de um mero reajuste técnico com o objetivo de trazer mais lucros a UFSM por meio do processo seletivo, sem alterar em nada a essência do vestibular, enquanto que a proposta do DCE visa estabelecer uma relação de novo tipo entre universidade, vestibular e ensino básico.
Seguiremos em luta!