sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Festa Sexta e Sábado na Boate do DCE

Sexta-Feira

Hoje (30) tem tributo a Queens Of The Stone Age na Catacumba e a tradicional Boate do DCE de toda a sexta-feira. Entrada gratuita para estudantes universitários a partir das 11h30min.





Sábado

ATCOM 2012, do Curso de Comunicação Social da UFSM, promove a Oktoberfest da Facos, na Boate do DCE. O Evento é gratuito para estudantes universitários e terá o "bom rock n' roll, músicas típicas de Oktoberfest e muita cerveja barata!"




Confirme sua presença e divulgue o evento no Facebook:


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Os desafios da Comunicação no Terceiro Setor

A Pedido da ONG Infância Ação

Megafone DCE especial Ocupação da Reitoria - Completo

Programa exibido no dia 27 de setembro na Rádio Universidade. Em pauta a ocupação da Reitoria. A apresentação foi de José Luís Zasso e os convidados foram Rodrigo de Freitas Almeida (Diretório Livre do Direito), Leonardo da Silva Soares (Coordenação Geral DCE UFSM), Lidiane Winck (Diretório Acadêmico da Terapia Ocupacional e DCE UFSM) e Rodrigo Suñe (Diretório Acadêmico Quilombo dos Palmares - História). No programa também foi comentado sobre o documento da Procuradoria Jurídica da UFSM censurando o programa de rádio da ASSUFSM.



Para saber mais:
Matéria produzida pela SEDUFSM sobre a censura na UFSM. Conquistas da Ocupação da Reitoria.


Acompanhe os Diretórios da UFSM

DATO

DAQUIPALM

DLD


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Legalizar o Aborto

Disponível em: http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_materia.php?codMateria=8786

Em 28 de setembro, mulheres de toda a América Latina saem às ruas para lutar por um direito que já é garantido há tempos às européias, estadunidenses e canadenses: o direito de interromper uma gravidez indesejada. É o Dia pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe.

Por Túlio Vianna

O aborto não é crime na maioria esmagadora dos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, se uma mulher desejar interromper uma gravidez por questões socioeconômicas, poderá fazê-lo sem maiores riscos para sua saúde em um hospital, de forma plenamente legal.

No Brasil, o aborto é tratado como crime e tanto a mulher que o praticar, como quem de qualquer forma auxiliá-la, poderão ser presos. Os rigores da legislação brasileira, porém, não impedem que os abortos sejam realizados clandestinamente. A Pesquisa Nacional do Aborto, publicada pela Universidade de Brasília (UNB) este ano, estimou que 1 em cada 5 mulheres brasileiras já realizaram aborto, sendo que metade delas foram internadas devido a complicações causadas pelo procedimento.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) constatou que, entre 1995 e 2007, a curetagem pós-aborto foi a cirurgia mais realizada no Sistema Único de Saúde (não foram levadas em conta cirurgias cardíacas, partos e pequenas intervenções que não exigem a internação do paciente). Foram 3,1 milhões de curetagens e estima-se que a maioria delas sejam decorrentes de abortos provocados.

Por que então não garantir às brasileiras o mesmo direito ao aborto já garantido às norte-americanas e europeias e evitar tantos riscos desnecessários à sua saúde?

Direito à vida

O argumento central de quem é contrário à legalização do aborto é que a vida humana surge no momento da concepção e que, a partir de então, este seria um direito a se garantir ao embrião. Claro que esta é uma concepção de cunho exclusivamente religioso.

Cientificamente, não é possível se determinar ao certo quando começa a vida humana. Nas 12 primeiras semanas de gestação (período em que o aborto é permitido, na maioria dos países onde é legalizado), o feto ainda não desenvolveu seu sistema nervoso e para considerá-lo vivo neste estágio, seria preciso rever o próprio conceito jurídico de morte. Isso porque a lei 9.434/97 permite o transplante de órgãos desde que haja morte cerebral, ainda que, eventualmente, o coração continue a bater. E, se é a morte cerebral que indica o fim da vida, é razoável entender que o início da vida humana surge com a “vida cerebral”, o que seria impossível nas primeiras 12 semanas, antes da formação do sistema nervoso do feto.

No entanto, o conceito de vida defendido pelos opositores da legalização do aborto parece ser bem mais amplo do que qualquer um que possa ser estabelecido por critérios científicos. A ponto de abarcar, inclusive, fetos sem cérebros, como se vê por algumas das teses defendidas na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54, que tramita no Supremo Tribunal Federal desde 2004 e trata da interrupção de gravidez nos casos de anencefalia do feto. Já passados 6 anos, ainda não houve tempo suficiente para que o STF concluísse o óbvio ululante: sem cérebro, não há vida humana a ser protegida, então não há crime de aborto.

Infelizmente, o debate sobre o aborto no Brasil não se faz com base em constatações científicas ou jurídicas. O aborto é discutido no Brasil com base em dogmas religiosos, como os do arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou os médicos e os parentes de uma menina de 9 anos de idade que foi estuprada por seu padrasto e precisou realizar um aborto para se livrar de uma gravidez de gêmeos que lhe causava risco de morte. Detalhe: o padrasto que estuprou a menina não foi excomungado por Sua Excelência Reverendíssima, que considerou este crime menos grave que o aborto.

É preciso entender, porém, que o Brasil é uma república laica e, portanto, não se pode admitir que qualquer religião imponha seus dogmas aos demais, muito menos por meio de criminalizações.

Questão social

A legalização do aborto é uma questão de saúde pública que atinge quase que exclusivamente as mulheres pobres, que não têm condições financeiras de arcar com o alto custo de um aborto em alguma das maternidades de luxo que realizam a cirurgia ilegalmente. Para uma mulher rica que tenha uma gravidez indesejável, a solução – ainda que ilícita – é recorrer a uma boa maternidade onde conversando com a pessoa certa e pagando o preço necessário poderá abortar com toda a infraestrutura e higiene de um bom hospital.

Ainda que não optem pelo procedimento cirúrgico, as mulheres de melhor condição socioeconômica têm um acesso muito mais amplo a informações sobre como realizar o auto-aborto de forma relativamente segura. Há vários sites internacionais dedicados a esclarecer às mulheres dos países onde o aborto ainda é proibido como utilizar medicamentos para este fim. No International Consortium for Medical Abortion , por exemplo, há informações de como usar o remédio Cytotec (Misoprostol) em conjunto com o Mifiprex (Mifepristone), de forma a tornar o procedimento um pouco mais seguro e menos doloroso.

Para a maioria das mulheres brasileiras, porém, este tipo de informação ainda não é acessível e elas acabam adquirindo o Cytotec no mercado paralelo e “aprendendo” como usá-lo com o próprio vendedor que, em geral, não possui qualquer conhecimento médico. Sem informação, utilizam o Cytotec sem qualquer outro medicamento, obrigando a uma dosagem maior, diminuindo as chances de sucesso e tornando todo o procedimento mais arriscado e doloroso. Por se tratar de um comércio ilegal, sem qualquer tipo de controle por parte da Anvisa, há ainda o sério risco de adquirir um produto falsificado.

Outra significativa parcela de mulheres pobres opta por realizar o aborto por procedimentos de curetagem ou sucção em clínicas clandestinas, sem as mínimas condições de higiene e infraestrutura. São procedimentos bastante arriscados para a vida e saúde delas e muitas acabam sendo socorridas nos hospitais do SUS, após abortos mal sucedidos. As complicações não raras vezes levam à morte, sendo o aborto a terceira causa de morte materna no Brasil, segundo pesquisa do IPAS.

Legalização

A criminalização do aborto não evita o aborto, mas tão-somente obriga a mulher a realizá-lo na clandestinidade. As ricas pagando um alto preço pelo sigilo e segurança do procedimento e as pobres relegadas à própria sorte, em um oceano de desinformação e preconceito.

O debate sobre a descriminalização do aborto não é sobre o direito ou não de a gestante abortar, mas sobre o direito ou não de a gestante ter auxílio médico para abortar. A Constituição brasileira garante em seu artigo 226, §7º, que “o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas”.

O que se vê, porém, no Brasil é uma completa interferência do Estado no direito da mulher de decidir ter ou não um filho, amparado em uma interpretação religiosa do direito constitucional à vida. O axioma católico de que a vida inicia na concepção é apresentado como fundamento “jurídico” contra a legalização do aborto, no Estado laico brasileiro. É este dogma religioso o grande responsável pelo cerceamento do direito constitucional ao livre planejamento familiar.

A criminalização do aborto no Brasil coloca nossas leis ao lado da tradição legislativa de países do Oriente Médio e da África, ainda marcada por uma intensa influência religiosa, e nos distancia dos Estados laicos da Europa e da América do Norte.

Direitos fundamentais, como é o direito à liberdade de planejamento familiar, não podem ser cerceados com base na fé em dogmas religiosos. O Estado é laico e ainda que a maioria da população brasileira acredite que o aborto é um grave pecado que deve ser punido com a excomunhão, estas concepções religiosas não podem ser impostas por meio de leis que criminalizam condutas, pois a separação entre Estado e religião é uma garantia constitucional.

Os abortos acontecem e acontecerão, com ou sem a criminalização, pois nenhuma lei conseguirá constranger uma mulher a ter um filho contra sua vontade. Não é um fato que agrade à mulher que se submete a ele, ao Estado, ou a quem quer que seja. Mas acontece.

Cabe ao Estado legalizar a prática e evitar os males maiores que são consequências dos abortos realizados sem assistência médica: os danos à saúde ou mesmo a morte da mulher. Talvez esta mudança na lei não faça muita diferença para os homens ou para as mulheres ricas que não sentem na pele as consequências de sua criminalização; mas para as mulheres pobres esta seria a única lei que, de fato, poderia ser chamada de pró-vida.

Túlio Vianna é professor da Faculdade de Direito da UFMG.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Perfil Falso do DCE no Facebook

O DCE da UFSM esclarece que a Perfil criado do DCE no Facebook (http://www.facebook.com/profile.php?id=100002869341524) não tem relação alguma nem com a atual Gestão do DCE (Em Frente) e muito menos com a entidade representativa DCE UFSM, tratando de um PERFIL FALSO. O perfil já conta mais com 300 amigos na rede de relacionamentos.

A página oficial do DCE no Facebook está disponível aqui e conta com mais de 5 mil seguidores. Para acompanhar o DCE no Facebook basta curtir a página. O DCE da UFSM também tem uma conta no Twitter e este blog.

Estamos analisando a situação da criação do perfil falso no facebook para eventuais medidas posteriores.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DCE se reúne com lideranças comunitárias e reitoria por melhorias para o CESNORS


Com Informações do DCE da UFSM, da Rádio Comunitária FM de Frederico Westphalen e do site do mandato do Deputado Marcon


O DCE, em conjunto com lideranças do Região Norte do Estado do Rio Grande do Sul, e na presença do Deputado Federal Dionilso Marcon, entregou na segunda-feira uma série de reivindicações em relação ao CESNORS e ao CAFW para a Reitoria da UFSM. No encontro foram discutidas melhorias na infraestrutura (salas de aula e laboratórios), temas relacionados a assistência estudantil (ampliação da casa do estudante, ampliação do horário de atendimento na biblioteca, direito a três refeições diárias aos estudantes contemplados pelo benefício sócio-econômico, internet sem fio em ambos os campus do CESNORS e ampliação dos horários de acesso ao laboratório de informática), além da intenção da comunidade de transformar o Colégio Agrícola de Frederico Westphalen (CAFW) em IFET. A audiência serviu também para referendar as conquistas obtidas pelo Movimento Estudantil na Ocupação da Reitoria.

Para a coordenadora da 20º Coordenadoria Regional de Educação, Idelina da Silva Machado, que esteve presente a reunião foi produtiva e permitiu às lideranças e aos representantes estudantis uma discussão saudável na busca por soluções que vêm ao encontro do interesse dos estudantes e da população regional.

Estiveram presentes o Reitor em Exercício da UFSM, professor Dalvan Reinert, o Deputado Federal Dionilso Marcon; secretários de educação, representantes do CPERS, de prefeituras e câmaras de vereadores do norte do Estado; da CREHNOR e de Movimentos Sociais como o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

“Os gaúchos e os outros”, uma análise de Luís Augusto Farinatti

Do Sul 21.

Por Luís Augusto Farinatti, professor do Departamento de História da UFSM


A Semana Farroupilha sempre atiça os ânimos no Rio Grande do Sul. Os centros de tradição organizam festividades, “acampamentos” e bailes. O desfile de 20 de setembro foi institucionalizado como uma parada cívica. Inúmeras pessoas vestem trajes ditos “típicos” e participam das comemorações, condensando formas de sentimento regionalista que existem, de modo difuso, o ano inteiro. Porém, vem crescendo, nos últimos anos, uma contra-corrente que põe em questão as bases históricas dessa comemoração e, por aí, discute sua legitimidade. Parece que, cada vez mais, essa é também uma época de polêmica.

Uma parte das críticas dirige-se à representação do passado construída e ritualizada pela corrente hegemônica dentro do tradicionalismo. Outra parte questiona o culto a valores patriarcais que estavam unidos a uma hierarquia social extremamente desigual. Porém, não quero escrever especificamente sobre o tradicionalismo. Na verdade, há que se pensar para além dele. É perceptível, em diversos setores da sociedade, um sentimento regionalista difuso, incentivado por parte da mídia e utilizado pelos políticos. Esse sentimento de identidade não pode ser explicado apenas como produto do MTG, que não é seu único difusor e não conseguiria fazê-lo sozinho. Uma pergunta pertinente é indagar o porquê do sucesso social dessa identificação.

Não há dúvida que há vários modos de sentir-se gaúcho. Mas é fato que a maioria deles passa pela identificação com o gaúcho como figura mítica, primeva, fundamental. Ele teria sido o “tipo social” por excelência da região da Campanha, mas também existente em outras áreas. Os gaúchos teriam sido homens destros nas lides campeiras, que viveriam entre o trabalho como peões nas estâncias e a luta nas inúmeras guerras de antigamente (outra categoria vaga). Sua principal epopeia teria sido a Revolução Farroupilha, onde, guiados por líderes-estancieiros, que também encarnavam a “cultura gaúcha”, o povo do Rio Grande do Sul teria lutado contra a opressão do Império em busca de liberdade.

As pesquisas históricas atuais mostram inúmeras divergências com essa representação. Em primeiro lugar, os agentes sociais com aquelas características atribuídas ao “gaúcho” eram apenas uma parte da população das regiões do Rio Grande do Sul, nos séculos XVIII e XIX. Provavelmente, nem eram a maioria. Uma pequena elite de grandes estancieiros acumulava a maior parte da riqueza no campo, mas, abaixo deles, existia uma miríade de pequenos e médios produtores de gado e lavoura que formavam uma forte base social. Isso ocorria mesmo nas regiões onde os grandes latifundiários eram muito expressivos, como na campanha. A produção familiar era, portanto, comum mesmo antes da proliferação de núcleos coloniais de imigrantes alemães e italianos.

Além disso, a escravidão estava difundida por todo o interior do Rio Grande do Sul. Nas grandes estâncias, a mão-de-obra dos escravos campeiros, montados a cavalo, era imprescindível. Eles trabalhavam lado a lado com os peões livres. Além deles, diversos outros escravos trabalhavam nas roças, nos serviços domésticos ou como pedreiros, carpinteiros, sapateiros. A importância que tinham nessa economia explica porque a maioria dos líderes farroupilhas era contra a abolição da escravidão.

Por outro lado, ao contrário do que se repete em todos os chavões comemorativos, a Revolução Farroupilha não foi a luta dos rio-grandenses contra o Brasil. Uma parte importante dos moradores da província lutou a favor do Império. É impressionante como esse fato tende a ser minorado ou esquecido. Nem mesmo na região da Campanha, tida como base dos farroupilhas, havia tal unanimidade. Muitos dos líderes militares e grandes estancieiros, que ali viviam, eram legalistas.

Contudo, a vitória, nas construções posteriores, foi da imagem do gaúcho errante e lutador, combatente da Farroupilha, como se isso pudesse dar conta do que realmente importa na nossa história e, assim, justificar valores do presente. Essa escolha, é claro, explica muito mais sobre os homens do século XX e XXI, do que sobre um suposto “gaúcho histórico”. Um dos grandes atrativos dessa figura, é que ela se presta para estabelecer uma diferença com relação ao restante do Brasil. Muitas das características que gostamos de atribuir ao gaúcho são as que nos põem em contraste com uma imagem que construímos do que seria o brasileiro. Já se disse que ser gaúcho é a forma dos rio-grandenses sentirem-se brasileiros que essas coisas estão unidas. Acredito que sim, mas na relação entre elas há também um componente de oposição..

Assim, os gaúchos de hoje, tal qual a figura mítica, seriam leais, viris, destemidos, guerreiros, não se dobrariam a tirania. Em contraposição, cria-se outro estereótipo dos brasileiros como desonestos, acomodados, submissos. Naturalmente, para funcionar, essa simplificação sobre “os brasileiros” impõe esquecer a imensa diversidade que ela encobre. E também fechar os olhos ao fato de que, entre 1817 e 1848, no mesmo contexto histórico da Revolução Farroupilha, outras revoltas análogas ocorreram no Pará, Maranhão, Bahia, Pernambuco, Minas e São Paulo. A essa oposição agregou-se, ainda, a idéia de que a presença dos colonos imigrantes teriam tornado o gaúcho mais europeu e trabalhador, ou seja, mais distante ainda do que se pensa dos brasileiros.

Um lado bastante interessante do regionalismo é a busca de levar adiante aspectos de uma cultura local e não permitir que ela seja completamente submergida na padronização proposta pela globalização econômica e cultural. Não sentir vergonha de nossas especificidades culturais e permitir que elas floresçam é algo importante para a manutenção da riqueza cultural que reside na diversidade. Porém, um problema sério aparece quando, associado ao regionalismo, vem se colando um bairrismo que é cada vez menos inocente

Não se trata de querer acabar com as mitologias. Todos nós as temos, elas nos ajudam a dar sentido ao mundo. Muito menos é o caso de pretender colocar o conhecimento histórico no lugar delas. Afinal, este também não está isento de mistificações e armadilhas. Trata-se, apenas, de oferecer à sociedade outras representações do passado e novas linhas de raciocínio que possam exercitar a reflexão e fundamentar posicionamentos menos definitivos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PUC disponibilizará vídeos de Paulo Freire para consulta



As fitas serão disponibilizadas para consulta presencial no campus da PUC-SP. Há discussões para que o material seja acessado também na internet.

Para comemorar os 90 anos do educador Paulo Freire, o Centro deDocumentação e Informação Científica (Cedic) da PUC-SP, disponibilizará 70 fitas VHS recuperadas para consulta de pesquisadores e estudantes. O educador, nascido em 19 de setembro de 1921, ministrou aulas na instituição até 1997, quando faleceu.O material foi digitalizado em conjunto com o projeto Armazém Memória.

“As imagens apresentam facetas do pensamento freireano, com o próprio educador questionando coisas antes de morrer e que hoje tem uma atualidade impressionante”, diz o coordenador do projeto, Marcelo Zelic.As imagens de Freire ainda não têm data para serem liberadas ao público. De acordo com o Cedic, a assessoria jurídica da universidade está em negociação com Ana Maria Araújo Freire, viúva do educador. Parte das fitas já foram passadas para DVD, mas algumas estão em processo técnico para gravação da mídia.Em uma das fitas, Freire fala sobre o ensino à distância. Para ele, não há diferença entre esse modo de educação e o presencial, “porque o principal é o objetivo a ser percorrido, já o método que é utilizado para isso tanto em um espaço como no outro não é o mais importante”, pontua Zelic.

“Desenvolvemos esse trabalho de identificar e recuperar para ajudar a produzir saberes compromissados. Que viva Paulo Freire!”, justifica a coordenadora do Cedic, Heloísa de Faria Cruz. “É uma forma de preservar e ao mesmo tempo de abrir para o acesso”, completa o coordenador do Armazém Memória.Em um primeiro momento, as fitas serão disponibilizadas para consulta presencial no campus da PUC-SP localizado na Rua Monte Alegre, 1104, em Perdizes, São Paulo (SP). Mas, há discussões para que o material seja acessado também na Internet."Estamos conversando como fazer. Ainda está em negociação o que pode entrar. Tem fitas que pegamos de programas de televisão com Paulo Freire, então é preciso resolver a questão do direito autoral”, explica Zelic.

A primavera dos direitos humanos


Por Emir Sader, disponível aqui.


Com a apresentação do projeto da Comissão da Verdade no próximo dia 21 começa a primavera dos direitos humanos no Brasil.

O golpe de 1964 interrompeu brutalmente o desenvolvimento democrático do país e a ditadura militar que foi instaurada se apropriou violentamente do Estado brasileiro e impôs à sociedade um regime de terror durante mais de duas décadas. Foi o momento mais terrível da história do Brasil desde o término da escravidão.

Foram perpetrados os crimes mais brutais, valendo-se do aparato de Estado contra a democracia, contra o povo, contra sua cultura, contra toda forma de liberdade conquistada ao longo do tempo. A ditadura militar foi um regime que modificou profundamente a história do Brasil, destruindo tudo o que havia de democrático no país, realizando uma política econômica de concentração de renda, de exclusão social e de desnacionalização da economia. Foi o pior regime que o Brasil já conheceu, o que mais violou os direitos humanos no país.

Na sua fase final, a ditadura decretou uma anistia que a favorecia, amalgamando vencidos e vencedores, verdugos e vítimas, apagando da história do país todas as violações que a ditadura havia cometido. Com isso, além da impunidade dos agentes do terror da ditadura, impediu que se apurasse tudo o que foi feito, buscando apagar aquele período da memória dos brasileiros.

A ditadura militar se esgotou, mas conseguiu controlar a transição, com a eleição do primeiro presidente civil pelo Colégio Eleitoral e com a manutenção da anistia imposta pelo velho regime e não decidida democraticamente pela cidadania.

Nesta semana, a secretária dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, entregará ao presidente da Câmara dos Deputados o projeto da Comissão da Verdade. O Congresso vota no dia 21, dia do começo da primavera, o projeto que permitirá à sociedade brasileira apurar a verdade, sobretudo o que aconteceu naquele momento de domínio da ditadura sobre a democracia, do terror sobre a liberdade, da força sobre a razão.

Esse é o espaço que a sociedade brasileira consegue para passar a limpo e, só depois de ter satisfeito seu justo direito ao conhecimento de tudo o que ocorreu, virar essa triste página da nossa história. Todos os que estão comprometidos com essa busca, - goste-se ou nao da forma particular que é possível hoje a busca da verdade -, tem que mobilizar toda sua energia, para que triunfe, finalmente, a verdade e vivamos, finalmente, a primavera dos direitos humanos no Brasil.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Victor Jara, vida e morte de um cantor revolucionário

Por Diego Cruz,

O genocida Augusto Pinochet morreu em dezembro de 2006 sem nunca ter sido julgado por seus crimes, dentre eles, o assassinato de milhares de ativistas políticos. A ditadura chilena, no entanto, tentou silenciar não só os militantes, mas também toda uma geração de artistas engajados que faziam de sua arte verdadeiras armas de transformação social e de luta contra o imperialismo. O maior deles, o cantor Victor Jara, foi barbaramente assassinado no Estádio Nacional, após ser brutalmente espancado e ter as duas mãos quebradas.


Porém, mais de três décadas após o golpe, enquanto o cadáver do general esfria na cova e sua memória é amaldiçoada tanto por seus amigos quanto pelos inimigos, o canto de Victor Jara ainda ecoa. A maior expressão da chamada “Nova Canção Chilena” ainda arrebata uma legião de admiradores em todo o mundo. Apesar de sua obra ter aparecido em um contexto bem específico do longelíneo país do continente americano, sua temática universal garante a atualidade desse artista que cantou com e para o povo e os trabalhadores.

Eterno retorno
Jara nasceu em 1932 num pobre povoado do Chille, chamado Quiriquina. Seu pai trabalhava no campo enquanto sua mãe cantava músicas folclóricas em velórios de crianças da região. Os humildes moradores daqueles povoados acreditavam que, quando uma criança morria, ascendia aos céus para se tornar um anjo e tomar conta da família. Portanto, celebrava-se o funeral com canções e danças tradicionais.

Dividindo a casa com seis irmãos, o pequeno Victor testemunhava a relação cada vez mais tensa entre seus pais. Seu pai, Manuel, bebia cada vez mais e as brigas com Amanda, sua mãe, tornavam-se freqüentes. Até que, finalmente, Amanda resolve abandonar o campo e, junto com os filhos, tentar a sorte na cidade grande. Em Santiago, ela começa a trabalhar como cozinheira.

Amanda e Manuel seriam, anos depois, os personagens de uma das mais conhecidas canções de Victor, “Te Recuerdo Amanda”, em que ele relata o romance entre um operário e sua mulher, que tem apenas cinco minutos no dia para vê-lo, na hora do almoço.

Te recuerdo, Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.
La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no importaba nada,
ibas a encontarte con él.
Con él, con él, con él, con él.
Son cinco minutos. La vida es eterna en cinco minutos.
Suena la sirena. De vuelta al trabajo
y tœ caminando lo iluminas todo,
los cinco minutos te hacen florecer
(…)


Jara, já um pouco crescido, começa estudar num liceu católico, ingressando pouco depois na Ação Católica, um movimento fundado em 23 pelo Papa Pio XI com o objetivo de propagar a influência católica. O adolescente Victor já começa ali a desenvolver suas habilidades artísticas, seja com canto ou teatro. Enquanto isso, Amanda, já com seu próprio restaurante, sofre um infarto e morre. A família se dissolve e Victor, profundamente transtornado, entra para o Seminário Redentorista de San Bernardo.

Victor passou dois anos enclausurados no seminário, encantado pela música gregoriana e respeitando à risca a rígida disciplina imposta pela ordem. No entanto, sentindo que não tinha vocação para seguir a vida monástica, Jara deixa o seminário e é, poucos dias depois, convocado para servir o Exército. Após cumprir seu serviço, Victor ingressa em um coro universitário em uma montagem de Carmina Burana, para o Teatro Municipal de Santiago. Pouco depois, já envolvido com o teatro, ele entra para a Escola de Teatro da Universidade do Chile.

Victor Jara tem então uma passagem de sucesso pela vida teatral do país. Ainda estudante dirige, junto com o amigo Alejandro Siveking, a peça “Parecido a la Felicidad”, que percorre todo o país e a América Latina. Ao mesmo tempo, integra o grupo de música folclórica Cuncumén e conhece Violeta Parra, figura que o influenciaria profudamente. Neste período, Jara se aproxima da juventude comunista e do movimento estudantil chileno.

Mas foi mesmo no teatro que Victor Jara primeiro se celebrizou, tornando-se reconhecido internacionalmente. Percebendo sua vocação, após terminar sua formação como ator, ingressa para o curso de diretor. Quando Atahualpa Del Cioppo, um diretor argentino de renome visita o país, exige que Jara seja seu co-diretor para a montagem do “Circulo de Giz Caucasiano”, de Brecht. A sólida carreira teatral o possibilita assumir o cargo de diretor do curso de teatro da Universidade do Chile.

Nova Canção Chilena
A vida e obra de Victor Jara expressam perfeitamente o que foi a Nova Canção Chilena. Um amplo movimento cujo objetivo era resgatar as raízes culturais do Chile e dos povos originários da América Latina, rechaçando a indústria cultural imperialista. Não se tratava apenas de música, como o nome poderia sugerir, mas também de teatro, dança e inúmeros outros aspectos culturais.

Tendo seu auge nos anos 60, a música folclórica foi adotada por grupos de estudantes universitários que viajavam para o interior e investigavam todos os tipos de manifestações da cultura popular. Inúmeros grupos surgiram, como o Quilapayun, do qual Jara foi diretor artístico e Inti-Illimani. Grupos que, embora divididos, continuam em atividade até hoje. Com o ascenso do movimento estudantil e operário, tais grupos assumem uma postura engajada, empunhando letras com temática social.

No entanto, não era apenas a mensagem que se pretendia revolucionária. “Não creio que ser cantor revolucionário signifique só cantar canções políticas. Profundamente revolucionáiro é salvar os valores dos nossos povos da penetração imperialista. O canto mapuche, o canto quéchua, o canto aymará, tem tarefas a cumprir nas transformações de nosso continente”, resume Victor Jara o significado da Nova Canção Chilena,em uma entrevista.

Da mesma forma, a revolução cubana impactou a esquerda chilena e imprimiu um caráter internacionalista à consciência dos artistas. “Devemos nos unir para transformar e formar um continente novo”, pregou Jara.

Politizados, os artistas do movimento engajaram-se de corpo e alma na campanha para a presidência em 1970, viajando o país pedindo apoio ao candidato da Unidade Popular, Salvador Allende. As fronteiras entre artista e militante, discussão que até hoje antagoniza paixões, parecia incompreensível na época.

Toda a esquerda impulsionava o movimento, a ponto da juventude comunista financiar a gravação de discos de artistas do movimento. A Nova Canção Chilena, porém, não se resumiu ao ambiente asséptico das universidades e da classe média. Foi a trilha sonora da revolução chilena, sendo adotada pelos trabalhadores e o povo pobre das poblaciones, as favelas. Grupos de música folclórica e teatro popular multiplicavam-se nas regiões mais pobres do país.

Golpe e martírio
A década de 70, embora tenha começado com a vitória da Unidade Popular, foi o prenúncio do esgarçamento do conflito de classes arrastado nos três anos seguintes. Em 1971, durante a comemoração da nacionalização das minas de cobre pelo governo, um jovem operário amigo de Jara foi morto por um grupo fascista. Victor, transtornado com a tragédia, dedica ao amigo a canção “Cuando Voy al trabajo”, onde reflete a vida do jovem operário:

Cuando voy al trabajo
pienso en ti
por las calles del barrio
pienso en ti
cuando miro los rostros
tras el vidrio empañado
sin saber quienes son, donde van.
Pienso en ti
mi vida, pienso en ti.
En ti compañera de mis dias
y del porvenir
de las horas amargas
y la dicha de poder vivir.
Laborando el comienzo de una historia
sin saber el fin.

Cuando el turno termina
y la tarde baja
estirando su sombra
por el tijeral
y al volver de la obra
discutiendo entre amigos
razonando cuestiones
de este tiempo y destino,
pienso en ti
mi vida, pienso en ti.
En ti compañera de mis dias
y del porvenir
de las horas amargas
y la dicha de poder vivir.
Laborando el comienzo de una historia
sin saber el fin.

Cuando llego a la casa
estas ahi,
y amarramos los sueños.
Laborando el comienzo de una historia
sin saber el fin


A polarização social se aprofunda nos anos seguintes. Jara havia sido demitido da Universidade do Chile mas consegue emprego no departamento de extensão da Universidade Técnica.

O boicote e o estoque de produtos realizados pela burguesia levaram o caos à economia chilena. Impotente, o governo de Frente Popular parece esperar pelo golpe. Já em 1973, o poeta Pablo Neruda aparece na televisão chamando a unidade contra o iminente golpe fascista. No entanto, Allende não só não faz nada, como nomeia Pinochet comandante das Forças Armadas.

Pouco mais de duas semanas depois, Pinochet lideraria o golpe que custaria a vida de Salvador Allende e de milhares de ativistas chilenos. Na manhã de 11 de setembro Victor Jara seguiu a orientação da CUT (Central Unica de los Trabajadores) e foi para a Universidade. Lá, ele e os estudantes tentavam resistir à polícia, enquanto o palácio de La Moneda era bombardeado e Allende entregava sua vida para não ser capturado.

Todos foram presos e levados para o Estádio do Chile. Jara tentou se livrar do documento de identidade para não ser identificado, mas acabou sendo reconhecido por um oficial. No Estádio, o cantor foi torturado por quatro dias. Há controvérsias sobre sua morte. Alguns afirmam que suas mãos foram cortadas antes da execução. Tal versão talvez tenha surgido com a similaridade das figuras de Jara e Che Guevara.

No entanto, relatos de presos presentes no estádio reunidos pela viúva de Victor, Joan Jara, dão conta que o cantor teve as mãos quebradas durante as sessões de tortura. “Canta agora, filho da puta”, foi provocado por um oficial, que havia pedido exclusividade no comando das agressões ao preso. Jara então, no limite de suas forças, pôs-se de pé e cantou a canção “Venceremos”, hino da Unidade Popular:

(…)
Venceremos, venceremos,
Mil cadenas habrá que romper,
Venceremos, venceremos,
La miseria sabremos vencer.

Campesinos, soldados, mineros
La mujer de la patria también,
Estudiantes, empleados y obreros,
Cumpliremos con nuestro deber.

Sembraremos las tierras de gloria,
Socialista será el porvenir,
Todos juntos haremos la historia,
A cumplir, a cumplir, a cumplir
(…)


Foi morto logo em seguida.

Porém, ainda em meio a tortura, conseguiu escrever sua última canção, escondida em pedaços de papel por seus companheiros.

Somos cinco mil
en esta pequeña parte de la ciudad
Somos cinco mil
¿Cuántos seremos en total
en las ciudades y en todo el país?
Sólo aquí, diez mil manos que siembran
y hacen andar las fábricas.

¡Cuánta humanidad
con hambre, frío, pánico, dolor,
presión moral, terror y locura!

Seis de los nuestros se perdieron
en el espacio de las estrellas.

Un muerto, un golpeado como jamás creí
se podría golpear a un ser humano.
Los otros cuatro quisieron quitarse todos los temores
uno saltando al vacío,
otro golpeándose la cabeza contra el muro,
pero todos con la mirada fija de la muerte.

¡Qué espanto causa el rostro del fascismo!
Llevan a cabo sus planes con precisión artera
sin importarles nada.
La sangre para ellos son medallas.
La matanza es acto de heroísmo.
¿Es éste el mundo que creaste, Dios mío?
¿Para esto tus siete días de asombro y de trabajo?
En estas cuatro murallas sólo existe un número
que no progresa,
que lentamente querrá más la muerte.

Pero de pronto me golpea la conciencia
y veo esta marea sin latido,
pero con el pulso de las máquinas
y los militares mostrando su rostro de matrona
lleno de dulzura.

¿Y México, Cuba y el mundo?
¡Que griten esta ignominia!
Somos diez mil manos menos
que no producen.
¿Cuántos somos en toda la Patria?
La sangre del compañero Presidente
golpea más fuerte que bombas y metrallas.
Así golpeará nuestro puño nuevamente.

¡Canto que mal me sales
cuando tengo que cantar espanto!
Espanto como el que vivo
como el que muero, espanto.
De verme entre tanto y tantos
momento del infinito
en que el silencio y el grito
son las metas de este canto.
Lo que veo nunca vi,
lo que he sentido y lo que siento
hará brotar el momento...


Seu corpo só foi encontrado por sua mulher dias depois, com a ajuda de um jovem comunista que trabalhava no necrotério.

Foi o fim de sua vida e o início do mito.

Em pleno século XXI, suas canções ecoam em todo mundo, representando o ideal de artista e militante (ou seria militante-artista?) engajado e disposto a dar sua vida por um mundo melhor. Tanto por suas canções, quanto por sua trágica morte, fruto dos erros da Frente Popular e da ideologia da conciliação de classes, Victor Jara merecerá sempre ser lembrado.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Estudantes da UFSM protestam contra superlotação de ônibus em Frederico Westphalen

Texto: Zero Hora
Vídeo: Josafá Rohde


Cerca de 200 estudantes bloquearam na tarde desta terça-feira por mais de duas horas o acesso ao campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) de Frederico Westphalen, no norte do Estado. Eles reclamavam da superlotação dos ônibus que fazem o transporte da cidade até o campus e também pediam maior frequência de coletivos, com mais linhas e horários.

Apenas três ônibus estariam fazendo o trabalho o que seria insuficiente. Segundo integrantes do Diretório Central do Estudantes (DCE), em um único veículo haviam nesta tarde mais de 60 alunos para retornar até o centro da cidade.

A direção da empresa São Jorge, que detém a concessão da linha, informou que diariamente destina veículos extras dependendo da demanda, para atender os passageiros. Os estudantes prometem novas mobilizações caso o problema se repita. Eles também querem a construção de abrigos nas paradas de ônibus da cidade.

Cerca de dois mil alunos estudam no Colégio Agrícola e nas unidades acadêmicas da UFSM de Frederico Westphalen.



Vídeo: Josafá Rohde

Ocupação da Reitoria: O que conquistamos…

Também disponível no Blog da Ocupação


Depois de 12 dias de ocupação, o Movimento Estudantil deixou a Reitoria com vitórias concretas, mostrando que a luta e a mobilização fazem valer os nossos direitos. Serão formadas várias comissões paritárias (com mesmo peso de Estudantes, Docentes e Técnicos Administrativos em Educação) para acompanhar o andamento dos compromissos da Reitoria e audiências públicas mensais de prestação de contas serão realizadas. Confira as conquistas:

RU

- Após a greve dos técnicos administrativos, será oferecido inicialmente 100 cafés da manhã e 150 jantas para estudantes que não tem o Benefício Sócio-Econômico. As refeições deverão ser agendadas pelo Portal do Aluno, não há limite de agendamentos, dependendo da demanda o número de refeições poderá ser ampliado. Uma comissão paritária irá acompanhar e estudar situações futuras;

- Em até 10 dias será feita outra saída para a entrega de pratos, copos e talheres no RU da União Universitária, com o objetivo de diminuir as filas na saída;

Casas do Estudante e Benefício Sócio-Econômico

- Ativação imediata do Conselho de Moradia;

- Estudo para mapear pontos cegos e adequação de equipamento de internet nas CEUs em 30 dias;

- Comprometimento de atender a demanda para a colocação de grades nas portas dos apartamentos da CEUs 2 e 3 (após aprovação em assembleia). Comprometimento de colocar as grades em todas as portas ao longo de 2011 e 2012;

- Devolução da sala do bloco 13 da CEU 2 aos moradores;

- Abertura de licitação para construção de banheiros masculino, feminino e para pessoas com necessidades especiais na União, no primeiro semestre de 2012;

Bolsistas

- Reajuste de 12% nas Bolsas Trabalho para o início de 2012;

- Comissão Paritária para propor uma resolução atualizada sobre as atividades dos bolsistas;

- Serão concedidas 7 bolsas para a Direção da CEU 2, mediante apresentação de um Plano de Trabalho;

CESNORS

- Para 2011, serão destinadas 50 bolsas permanência, no valor de 300 reais;

- Após 10 dias da entrega do prédio e finda a greve dos servidores, será feito o cadastro e seleção dos estudantes para as vagas de moradia com critérios similares aos de Santa Maria;

- Reitoria e Direção do CESNORS encaminharão nota às prefeituras de Palmeira das Missões e Frederico Westphalen manifestando sobre a iluminação e construção de trevo/rótula. Acesso ao RU do CAFW aos estudantes do CESNORS será melhorado;

- Licitação para iluminação interna do campus de Frederico Westphalen está em andamento;

- Será solicitado mais um ponto de xerox em Frederico Westphalen e Palmeira das Missões;

CAFW

- 2,1 milhões de reais para obras e reformas no alojamento do CAFW, esforço para que a licitação seja feita em 2011, já que há dinheiro disponível;

- Encaminhamento de Moradia Feminina no CAFW;

Bibliotecas

- Encaminhamento às Direções do Centro de pedidos de estudos para a ampliação do horário das Bibliotecas Setoriais;

- Avaliação, após a greve, para a possibilidade de ampliação do horário noturno e nos finais de semana da Biblioteca Central;

- Sala de acesso digital e mesas de estudos, sete dias por semana e 24 horas por dia, no espaço da Caixa Econômica Federal, junto à Biblioteca Central, imediatamente após a desocupação pela Caixa.

Pautas Gerais

- Revisão da Resolução 020/09, reivindicação importantíssima para cursos como a Terapia Ocupacional em relação a contratação de professores, a ser encaminhado ao CEPE até a Reunião do dia 16/09/2011;

- Quanto à UBS-Escola, encaminhamento de discussão sobre junto à Area da Saúde da UFSM, com participação paritária da comunidade. Discussão após a greve;

- Garantia de não vender o Prédio da CEU 1/DCE e da Antiga Reitoria. Antiga Reitoria será gradativamente destinada a projetos comunitários e de extensão;

- Reitoria deverá encaminhar deliberações após a greve dos servidores. Ampliação da discussão seguindo o aprovado no PDI sobre reforma acadêmico-administrativo;

- Creche Ipê Amarelo está com pedido de institucionalização protocolado no MEC;

- Disponibilizar via Portal UFSM os contratos e processos licitatórios a partir de 2012;


Carta Final do Acordo












Oficios Pautas Específicas













domingo, 11 de setembro de 2011

À Reitoria da UFSM

À Reitoria da UFSM

Dando sequência ao processo de negociação proposto pelas comissões de diálogo entre administração central e comissão estudantil deliberada em assembleia, os estudantes que ocupam a reitoria apresentam uma manifestação formal propositiva, objetivando avançar na concretização de melhorias para a comunidade universitária. Desta forma, solicitamos a resposta em reunião na segunda-feira à tarde.

1. Restaurante Universitário

1.1. Garantia de três refeições para todos os estudantes em todos os campi da UFSM, sem aumento de preços.

1.2. Implantação e execução imediata, após o término da greve dos TAES, de um projeto piloto até o final de 2011, tendo em vista que possivelmente, no ano de 2011, sobrarão recursos devido à greve, com a participação de uma comissão paritária, já fazendo uma projeção para 2012.

1.3. Abertura de concurso para servidores públicos nos cargos do RU.

2. MORADIA E BSE

2.1. Instalação de grades nas portas dos apartamentos das casas dos estudantes até dezembro deste ano, para garantir a segurança dos moradores.

2.2. Ativação do Conselho de Administração da Moradia Estudantil, no prazo de 1 (um) mês.

2.3. Autonomia da Casa: reafirmação da declaração do pró-reitor de Assuntos Estudantis feita no dia 23 de novembro de 2009 (ANEXO I).

2.4. Garantia de que a infraestrutura utilizada para disponibilização de internet na CEU II seja adequada para demanda. Considerando que os roteadores instalados na casa são de uso doméstico, solicita-se a instalação de antenas OIW 15W e garantia de no mínimo 20% da banda total de internet da universidade para CEU II nos períodos de maior fluxo de dados na casa.

2.5. Pavimentação das ruas das CEU’s até o final de 2011.

2.6. Não interferência, pelo NAE (Núcleo de Atenção ao Estudante), nas atribuições das Diretorias das Casas e debate público de suas ações.

2.7. Reconhecimento e respeito ao atual Regimento Interno da CEU II.

2.8. Garantia de estrutura, instrumentos e informações para o funcionamento das diretorias – 7 (sete) bolsas mensais, no prazo de 1 (um) mês.

2.9. Acesso para consulta, com o objetivo de que a direção da CEU II possa cumprir o art. 7º da resolução 04/2008, dos dados do SIE e DERCA, no prazo de 1 (um) mês.

2.10. Retirada do posto de vigilância da sala do bloco 13, e que esse seja transferido para a guarita do “paradão”, sem interrupção do serviço. A sala do bloco 13 deve ser gerida pelos morados da CEU II através dos conselheiros dos blocos ou assembleia geral da CEU II; garantia de não construção de uma nova guarita.

2.11. Comprometimento com a construção de mais um banheiro (feminino e masculino) na União Universitária até o final de 2011.

2.12. Garantia de permanência na União Universitária para estudantes que não são calouros enquanto os trâmites para aquisição do BSE não são concluídos.

3. ESTUDANTES BOLSISTAS

3.1. Criação imediata de uma comissão paritária no CONSUN para a formulação de um estatuto das bolsas de Assistência Estudantil (bolsa trabalho) e elaboração de um plano de conversão gradual das mesmas em bolsas de pesquisa, ensino e extensão. O estatuto e o plano de conversão devem ser apresentados aos Conselhos Superiores no prazo de 2 (dois) meses.

3.1.1. Do Estatuto do bolsista:

Inclusão, neste Estatuto, de direitos análogos aos previstos para os estagiários na Lei do Estágio (Lei 11.788/2008), como direito a férias, previsão de liberação para atividades acadêmicas, carga horária fixa, etc; assim como reconhecimento de uma entidade representante dos bolsistas no momento de sua criação.

3.2. Reajuste imediato do valor das bolsas em 30%, acrescido do valor da inflação acumulada no período, com sua correção de acordo com o reajuste do salário mínimo.

3.3. Aumento do número de bolsas de forma proporcional ao aumento do número do corpo discente da Universidade.

4. CESNORS

4.1. Abertura imediata de licitação para promover a construção e a ampliação de moradias estudantis nos campi de Frederico Westphalen e Palmeira das Missões.

4.2. Criação imediata de bolsas temporárias de auxílio-permanência-moradia para todos os estudantes que possuam BSE não contemplados com vagas nas CEU’s, com comprometimento, por parte da reitoria, de que a oferta deste benefício não implicará na ausência de ampliação de oferta de vagas nas CEU’S.

4.3. Comprometimento em efetivar a proposta já firmada pela Reitoria no dia 06/09/2011 e apresentada aos estudantes ocupantes, de encaminhar proposta de moradia feminina no prazo de 1 (uma) semana.

4.4. Garantia de que os critérios de acesso às CEU’s nos campi do CESNORS sejam os mesmos do campus de Santa Maria.

4.5. Redação de uma nota pública pela reitoria ou encaminhamento de ofício à Câmara de Vereadores e à Prefeitura de Frederico Westphalen manifestando-se favoravelmente à instituição da meia passagem estudantil, à criação de uma parada de ônibus coberta em frente ao CAFW, bem como à criação de linhas de ônibus aos sábados e domingos.

4.6. Compromisso em promover, até o final de 2011, melhoria das condições de acesso dos alunos do CESNORS de Frederico Westphalen ao RU do CAFW, com a melhoria da pavimentação e construção de uma marquise, uma vez que a via disponível é íngreme e sofre com retenção de água em certos pontos em dias de chuva.

4.7. Criação de uma sede própria para DCE e DA´s até final de 2011, com espaço suficiente para atender as necessidades dos alunos.

4.8. Abertura da biblioteca no campus de Frederico Westphalen no período das 7:30 às 17:30.

5. BIBLIOTECA

5.1. Resposta sobre a ampliação dos horários das bibliotecas setoriais (cursos noturnos) e biblioteca central, no prazo de 20 dias, com o horário de funcionamento até a meia-noite e aos sábados até às 20h.

6. PAUTAS GERAIS

6.1. Comprometimento com a proposta apresentada pela reitoria no dia 06 de setembro de 2011, de encaminhamento de uma discussão a respeito de uma UBS/Escola, no prazo de 10 dias, ressaltando que esta unidade de saúde deve ser alocada temporariamente no espaço da União Universitária.

6.2. Garantia de não encaminhamento de proposta de venda ou permuta dos prédios da Antiga Reitoria e CEUI/DCE.

6.3. Encaminhamento do pedido de estatuinte paritária das três entidades (DCE, ASSUFSM e SEDUFSM) na próxima reunião do CONSUN.

6.4. Reformas nos ginásios do CEFD.

6.5. Garantia aos estudantes estagiários da área da saúde de fazer refeições gratuitas no HUSM, e que, durante o período de férias, esta garantia seja estendida a todos os bolsistas.

6.6 Garantia do abono das faltas dos estudantes ocupantes da reitoria e da não perseguição política dos mesmos, conforme carta enviada ao reitor no dia 6 de setembro de 2011.

6.7. Realização de audiências públicas de prestação de contas do cumprimento das reivindicações no salão Imembuí.

6.8 Publicização dos documentos oficiais da Universidade no sítio eletrônico da Instituição.

7. PAUTAS ESPECÍFICAS

7.1. MEDICINA

7.1.1. Redação de nota pública contra o autoritarismo no Colegiado do Curso de Medicina e na Universidade em geral, no prazo de 10 dias.

7.1.2. Fim do contrato duplo HUSM-Docência, a fim de que os docentes cumpram integralmente sua carga horária.

7.1.3 Contratação de 3 (três) professores para o departamento de Clínica Médica e um professor para disciplina de Saúde do Adulto e do Trabalhador.

7.1.4 Apuração de processos administrativos relativos a professores faltantes.

7.2. COMUNICAÇÃO SOCIAL

7.2.1. Construção de um prédio destinado à Comunicação Social, com espaço físico suficiente para abrigar e atender as demandas dos 4 (quatro) cursos (Jornalismo, Produção Editorial, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas).

7.3. FISIOTERAPIA

7.3.1. Aumento do espaço físico, não sucateamento do serviço da Fisioterapia e aquisição suficiente de materiais básicos para o atendimento.

7.4. TERAPIA OCUPACIONAL

7.4.1. Comprometimento em multar a empresa responsável caso haja atraso na entrega do novo prédio do CCS e repactuar para que seja entregue até o início do próximo semestre e, em caso de descumprimento do novo prazo, o encerramento do contrato com as empresas atuantes, promovendo sua substituição por outras.

7.4.2. Comunicação oficial dentro de 48 horas ao DCE e ao Diretório Acadêmico do Curso de Terapia Ocupacional a existência de licitação para os elevadores e mobiliários do prédio. Em caso negativo, promover a abertura imediata de licitação para tal fim.

7.5. PSICOLOGIA

7.5.1. Aumento do número de vagas para docentes no Departamento de Psicologia, visto que o número atual não supre as demandas dos cursos de graduação e pós-graduação. Realização de contato com a chefia departamental do curso de psicologia para elaboração de justificativa junto ao MEC para ampliação das vagas de professores efetivos.

7.6. ARQUITETURA

7.6.1. Criação de um prédio novo para o curso de arquitetura e urbanismo ou realocação do curso nas instalações do Centro de Tecnologia, com sala para o diretório acadêmico.

7.6.2. Aumento do número de vagas para ingresso no curso.

7.6.3. Acréscimo de corpo docente em função do aumento das vagas, na proporção de 15 alunos para 1 (um) professor.

ANEXO I