segunda-feira, 13 de julho de 2015

A juventude que não se cala

Aconteceu no dia quatro o Circuito Universitário de Cultura e Arte do Diretório Central de Estudantes e da Associação de Pós-graduandos da UFSM, o evento reuniu centenas de jovens e várias atrações locais na Concha Acústica do Parte Itaimbé 


Sábado foi dia de luta, alegria e música. A Concha Acústica do Itaimbé estava cheia de ideias e sons, pra mostrar pra todo mundo que a juventude de Santa Maria pensa política. Foi assim que rolou o Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA do Diretório Central de Estudantes e da Associação de Pós-Graduandos da UFSM.


Além de muita música pra aquecer o corpo e a alma, teve calor humano e calor de resistência contra a criminalização da juventude e por uma educação de qualidade, que não ensine apenas as disciplinas do currículo e não prepare só para o vestibular, mas que torne as crianças e adolescentes responsáveis, conscientes e respeitosos com o ser humano. Para isso, nos colocamos a favor de um Plano Municipal de Educação que trate da igualdade racial e de gênero e do respeito à diversidade sexual, pois acreditamos no potencial da educação na formação da juventude.

Sabemos que os ataques aos jovens estão por todos os lados, seja a nível nacional ou local. Há um recente projeto de lei municipal, que pretende proibir o consumo de bebidas alcoólicas em espaços públicos de Santa Maria. A “cidade cultura” mostra mais uma vez quem é que pode ter acesso a essa cultura. Mas nós não concordamos e não nos calamos! Improvisamos lâmpadas, cantamos no escuro e não teve frio que acalmou os acordes e as rimas que vieram da gente.


Foi dia de mostrar que o movimento estudantil permanece forte, se posicionando contra a redução da maioridade penal, um dos maiores retrocessos dos últimos tempos. Uma proposta incoerente e inconstitucional, já que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê em seu Artigo 4º que "é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à alimentação, à saúde, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária" de pessoas nessa faixa etária, muito diferente do que querem com o encarceramento da juventude num sistema penitenciário o qual já é falido - mesmo se sabendo que essa parcela da população é responsável por apenas 1% dos crimes cometidos contra a vida, e que pelo contrário, é sim vítima de um verdadeiro genocídio, em especial quando se fala de juventude negra da periferia. É por isso que não nos calamos.

Nos manifestamos da melhor forma que conhecemos: com cultura e arte! Pra somar, estavam com a gente o pessoal da Adrenaline, Bueno, Centro Nuclear, Guantánamo Groove, Jotape, JCS, Mentres, Obscura fantasia e Three X. Teve até poesia pra embelezar ainda mais nossas ideias, mostrando através dos versos aquilo que acreditamos e queremos!


Neste sábado teve música, teve concha, teve CUCA e calor humano. E terá mais, sempre que necessário for, pois estaremos presentes sempre em prol do nosso projeto, por mais cultura, mais arte e mais cidadania! Seguimos, porque enquanto houver braços, haverá luta.

Pelas Mãos de: 
Kauane Mülle- texto
Paola Dias - fotografia