segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Suposições sobre a política de agendamentos no RU da UFSM

Por Diego Pitirini*

O restaurante universitário depois de cerca de quase 40 anos de existência adotou nas ultimas semanas uma política de agendamento prévio de refeições. Várias podem ser as suposições sobre o assunto visto que nenhuma entidade estudantil foi consultada, muito menos foi aprovada, essa mudança, em algum conselho desta universidade. Parece, ao fim e ao cabo, uma medida para diminuir a quantidade refeições realizadas no Restaurante Universitário- RU da UFSM. Durante muitos e muitos anos o RU tem funcionado e oferecido milhares de refeições diárias a muitos e muitas estudantes, funcionando com uma previsão supostamente estatística ( mesmo que empírica) da quantidade de refeições a serem preparadas. Acontece que, supostamente, durante todo esse tempo nosso restaurante funcionou desperdiçando muita, mas muita comida, e que só agora com as maravilhas da informatização temos uma solução para esse grande problema. Não deve ser nesse papo que os estudantes pouco contentes com a novidade vão cair. 


Do que sei o RU fornece cerca de 8 mil refeições dia. E tem uma estimativa de produção de refeições que é feita com base em cálculos pelo histórico, afinal todas são registradas diariamente. Além disso, o mesmo possui câmaras frias que podem conservar alimentos por um longo tempo. Quem come lá todos os dias sabe que se guardam alguns itens por mais de um dia (quem nunca pegou um brócolis congelado?). Sabemos que nestas refeições são feitos muitos almoços e todo o resto é utilizado nas jantas (que possuem a quantidade de pessoas bem estável). Parece que o argumento do desperdício é um mero álibi para a implementação de uma concepção da gestão pública arcaica. Não existem dados de desperdício disponíveis, nem quanto disso é por erro de cálculos, muito menos o RU tem ficado no vermelho, por conta das vultosas verbas do governo federal que deixam todo o ano o órgão com bom saldo. 

Mas o que então pode ter feito nossa administração montar essa política para o RU? Vale lembrar que todo um sistema foi montado no provedor da instituição, que depois da vitória dos estudantes na ocupação da reitoria começou a ser usado para os estudantes sem BSE tomarem café e jantar no restaurante. Que só durante a greve começou a ser usado, e que só agora começa a barrar estudantes de comer e ainda proibir outros de agendar suas refeições. Por que uma coisa boa é implementada de maneira tão sorrateira? É simples. O que orienta essa mudança é uma concepção de que o RU não é um direito e sim um favor. O que orienta tal mudança é a visão de que a universidade tem que funcionar como uma empresa privada, dar “lucro” e ser gerida sem participação dos interessados. 

A criação desse sistema de agendamentos que tem deixado muitos estudantes chateados só pode ter um motivo: diminuir as refeições no RU. Tranquilamente mais 5 % dos estudantes que poderiam almoçar no RU podem por algum motivo deixar de agendar. Ou podem por outros motivos agendar mais de 3 vezes no mês e não ir comer. Sou morador da CEU II e nesta ultima semana isso aconteceu 3 vezes comigo, fui para o centro, mas tinha reservado janta aqui. Não consegui chegar a tempo. Pelo que entendo por conta disso devo ficar o próximo mês sem comer... Isso é justo? Como se agenda a comida para o a janta antes do meio dia, e o café da manhã antes das 19 hs? E se você não tiver certeza se vai ou não comer? Corre o risco?. E se você não tiver internet? Como na CEU II? È obrigação de todos os estudantes terem internet em casa? São suposições, com algumas evidências, de que o agendamento no RU não dialoga com o que acredito que deva ser a universidade e as políticas de assistência estudantil. 

*Diego Adolfo Pitirini. Estudante de Agronomia. Morador da CEU II que sabe por observação que as quartas feiras ao meio dia e vinte tem fila no RU, e que também sabe que em véspera de feriado o mesmo fica vazio, e que sexta nunca tem fila...