DCE da UFSM apóia e é solidário à luta dos estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) na luta contra aqueles que tratam a educação como mera mercadoria.
Bruno Huberman
Estudantes reivindicam a diminuição da mensalidade, que aumentou nos últimos anos sempre acima da inflação
A reitoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no bairro de Perdizes, foi ocupada por mais de 300 estudantes nesta quinta-feira 18, novamente. Em 2007, centenas de universitários já haviam ocupado por 10 dias as dependências da então reitora Maura Véras. Na ocasião, foi motivada pelo processo de redesenho institucional que estava sendo imposto aos estudantes, professores e funcionários. Entre outras mudanças da tal “reestruturação”, estava a maior participação do poder eclesiástico no cotidiano da universidade para tentar saldar a dívida de mais de 300 milhões de reais da instituição. Daquela vez, os padres e a reitora enxergaram como solução a intervenção da polícia para resolver o problema que tinham em suas mãos. Essa foi a segunda vez que policiais invadiram a PUC para conter o movimento estudantil, exatos trinta anos depois de Erasmo Dias comandar a tropa de choque na dispersão do encontro da União Nacional dos Estudantes (UNE), que tentava se rearticular após ser desmantelada pelo regime de repressão que ainda vigorava na época. Em 1977, a então reitora Nadir Kfouri enfrentou os militares, já em 2007 a cavalaria invadiu o espaço universitário convocada por quem o administrava.
Agora, em novembro de 2010, o motivo da ocupação é reflexo daquele de três anos atrás: aumento das mensalidades. Desde a aplicação da reforma institucional na PUC, o valor pago pelos estudantes aumentou sempre acima da inflação. Atualmente, uma comissão de alunos está levantando o valor exato do reajuste. Desde o início do corrente período letivo, o movimento estudantil puquiano promoveu debates, assembléias e audiências públicas com o reitor Dirceu de Mello para, entre outras reivindicações, exigir a diminuição da mensalidade. Um abaixo assinado com mais de 2.000 assinaturas, que equivale a 15% do universo estudantil da PUC, foi encaminhado ao reitor e a Fundação São Paulo, a mantenedora da universidade e ligada a Arquidiocese de São Paulo.
A decisão final seria tomada na reunião do Conselho Administrativo (Consad) da universidade nesta quinta-feira 18, contudo padres e reitor negaram a exigência de diminuição da mensalidade e seguidas vezes questionados sobre o aumento para 2011, não responderam aos estudantes presentes. Logo após a reunião, os estudantes decidiram em assembléia partir para uma atitude mais extrema: a ocupação. O reitor então conversou com os estudantes e lamentou a decisão tomada por eles. Mello garantiu que não irá chamar a polícia, como fez a sua antecessora, porém negou fazer o acordo por escrito. Ele não pode assinar uma promessa dessa. Por conta daquele redesenho institucional, o reitor, assim como a rainha da Inglaterra, reina mas não governa. Infelizmente, como previam os estudantes há três anos, a reforma foi um retrocesso político da universidade. Quem mandam agora são os padres. O reitor, eleito pelo voto estudantil, não governa a plenos poderes.
“Nós já nos organizamos em comissões de imprensa, segurança, de atividades culturais, entre outras. Vamos manter a ocupação. Porém, estamos apreensivos, já passaram dois carros de polícia aqui na porta”, conta a estudante de jornalismo Gabriel Moncau, uma das que ocuparam a reitoria na manhã desta quinta-feira. A PUC e a Fundação São Paulo tem 24 horas para pedir a reintegração de posse pela polícia sem mandato judicial.
Fonte: Carta Capital
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