segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Segmentos em greve divulgam orientações para comunidade acadêmica


Texto e foto de Rafael Balbueno, com edição de Fritz Nunes, para o site da Sedufsm



O Comando Local de Greve (CLG) dos docentes voltou a se reunir com diretores de Centro, coordenadores de Curso, chefes de Departamento da UFSM e membros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) na manhã desta segunda, 6, no auditório Pércio Reis, no CT. Na reunião, foi aprovado um documento com os princípios básicos para orientar a comunidade acadêmica na discussão sobre o término do primeiro semestre e o reinício do segundo. Além disso, o texto aborda também a resolução n.017/2012, publicada pela reitoria na última quinta, 2.


No documento publicado pela reitoria, a reunião do CEPE programada para a sexta, 3, foi cancelada, além de adiar o início o início do segundo semestre em uma semana. Também determinou que os chefes de Departamento, coordenadores de Curso e diretores de unidade analisem e manifestem-se, por meio de memorando entregue na Secretaria dos Conselhos, sobre alguns detalhes referentes ao calendário acadêmico. A data limite para o envio das manifestações é a quarta-feira, 8, às 18h.


O documento aprovado nesta segunda será divulgado a toda a comunidade acadêmica, com ênfase aos conselheiros do CEPE e do Conselho Universitário. Endossam esse documento, que é assinado pelo Fórum Unificado dos três segmentos (SEDUFSM, Assufsm e DCE), os participantes da reunião. A atividade contou com a presença de estudantes e técnico-administrativos em educação (TAEs).


Três eixos norteiam o documento aprovado na reunião desta segunda. O primeiro deles é a não homologação da resolução n.017/2012, que precisa ser referendada pelo CEPE. O segundo ponto é a exigência de que seja colocada para a apreciação do conselho o parecer aprovado pelas Comissões do CEPE na última quarta, 1. Por fim, o documento ratifica um primeiro texto aprovado em reunião entre o CLG, diretores de Centro e coordenadores de Curso na segunda, 30, e referendado também pelos CLGs dos TAEs e dos estudantes. Esse texto cobra o adiamento do calendário enquanto não for encerrado o primeiro semestre, e o esclarecimento de como a comunidade acadêmica deve proceder nesse período. (Veja a íntegra do documento elaborado nesta segunda-feira, abaixo, em anexo).


Resolução é criticada


A resolução n.017/2012 foi muito criticada pelos presentes à reunião. A principal argumentação é sobre o caráter arbitrário do documento. Conforme ressaltou Rondon de Castro, presidente da SEDUFSM e diretor do ANDES-SN, “para resolver uma questão da gestão, a reitoria tenta impor uma normalidade que não existe desde a deflagração da greve”.


Além disso, conforme ressaltou o professor João Batista Dias de Paiva, a reitoria demonstra desconsideração com a necessidade de homologação da resolução pelo CEPE. Para exemplificar essa situação, o professor leu dois e-mails da secretaria de um curso da instituição nos quais os docentes são convocados a se manifestar sobre a data em que voltarão a dar aula. “Ou seja, a resolução nem foi votada e já está colocando isso em prática, e isso é o caos”, afirmou Paiva.


Para o professor Júlio Quevedo dos Santos, vice-presidente da SEDUFSM e 1º tesoureiro da regional Rio Grande do Sul do ANDES-SN, a resolução da reitoria criminaliza o movimento ao cobrar o retorno às aulas, constrangendo assim os docentes que estão em greve.


Resolução não foi acaso


Conforme levantaram alguns dos presentes na reunião, é provável que a publicação da resolução n.017/2012 exatamente um dia depois da reunião das Comissões do CEPE e da CLN não seja por acaso. Na reunião estiveram em pauta dois documentos, um deles era o texto enviado pelo CLG e endossado na reunião do dia 30. O outro documento era de autoria da reitoria, também divulgado no dia 30, e apresentava recomendação ao CEPE sobre o calendário acadêmico, acenando para a possibilidade de um calendário duplo.


Segundo uma chefe de departamento substituta que estava presente, as reuniões das Comissões do CEPE foram tensionadas para que a proposta da Administração fosse aprovada. No fim, após muito debate, a proposta dos três Comandos de Greve foi aprovada por um voto. O parecer final, contudo, conforme ressaltou Adriele Manjabosco, do DCE, acabou por juntar as duas propostas. Dessa forma, o texto resume-se em três pontos: a exigência de que o início do primeiro semestre fique em aberto; a manutenção de reuniões permanentes das Comissões do CEPE e do CLN, para que a situação possa ser avaliada semana após semana, e o início do segundo semestre apenas após o fim do primeiro.


Para o professor Claudio Losekann, do CLG docente, a publicação da resolução n.017/2012 um dia depois das reuniões é uma demonstração clara de que a reitoria sabia que perderia a votação sobre o calendário acadêmico no CEPE, sendo esse plenamente adiado, conforme solicitaram os três CLGs. “A reitoria tem vários ‘ás’ na manga e nesse momento viu a necessidade de interromper o jogo”, afirmou ele.


Adiamento do calendário reafirmado


Na reunião desta segunda, assim como nos outros encontros do CLG com os diretores, coordenadores, chefes e conselheiros, foi reafirmada a necessidade de adiamento do calendário acadêmico enquanto não for encerrado o primeiro semestre. A crítica dos presentes baseou-se principalmente em um ponto muito abordado no último período: a inviabilidade de dois calendários paralelos. Além das impossibilidades no que se refere às questões estruturais e de quadro docente, conforme ressaltou o professor Ascísio Pereira, do CLG, é importante avaliar também a qualidade do ensino caso dois calendários fossem colocados em prática ao mesmo tempo.


“Os números oficiais da UFSM mostram que pouco mais de 50% concluíram suas atividades. Como a gente faria a universidade funcionar? Além disso, é sempre importante lembrarmos da nossa responsabilidade enquanto educadores e educadoras, prezando pela qualidade no ensino, na pesquisa e na extensão”, declarou o professor.


No mesmo sentido, a representante dos TAEs presente à reunião, Loiva Chansis, ressaltou a necessidade de oferecer qualidade ainda na conclusão do primeiro semestre. “Na verdade o reitor quer é resolver a o problema de gestão dele, não importa se para isso tenha que passar por cima da qualidade do ensino. A postura da administração é irresponsável”, afirmou Loiva.


Um dos representantes dos estudantes no CEPE, o integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Alex Monaiar, deu sequência ao raciocínio, ressaltando que a posição da entidade também é pela exigência da qualidade do ensino.