Nesta terça feira, dia 16 de outubro o DCE UFSM organiza um
debate sobre Gênero e Sexualidade, no auditório Imembuí na
Reitoria, às 20h. E terá como mesa: Nei D'Ogum, Gabriela Quartiero (Coletivo VOE) e Thani Prunzel (Coletivo de Mulheres). Esse debate faz parte de uma serie de atividades referentes
a I Semana da Integração.
Durante muitos séculos da História, o
papel desempenhado pelas mulheres foi relegado a um segundo plano. Enquanto os
homens escreviam a história aos seus moldes, às mulheres restava a vida
doméstica, trancafiadas em castelos, palácios ou simples moradias. Tendo o
aparecimento da propriedade privada como marco, as relações entre homens e
mulheres passaram a ser monogâmicas, a fim de garantir herança aos filhos
legítimos.
A partir desse momento, o corpo e a
sexualidade da mulher passam a ser controlados, onde surge a divisão social e
sexual do trabalho entre homens e mulheres. Aos homens são atribuídas as
funções do trabalho remunerado, da vida pública e política e às mulheres as
características de um ser acolhedor, disponível, sensual e atraente que denota intimidade
com o ambiente doméstico. Nesse caso, a dominação masculina é exercida de
maneira sutil e invisível posto que é aprendida pelo dominador e aceita pelo
dominado como algo natural, inevitável e necessária.
Convém ressaltar a diferença entre
gênero e sexo, a partir do olhar do sociólogo Antony Giddens, “De modo geral,
os sociólogos utilizam o termo ‘sexo’ para se referirem às diferenças
anatômicas e fisiológicas que definem o corpo masculino e o corpo feminino. Em
contrapartida, por gênero entendem-se as diferenças psicológicas, sociais, e
culturais entre indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino. O gênero está
associado a noções socialmente construídas de masculinidade e feminilidade, não
sendo necessariamente um produto direto do sexo biológico de um indivíduo”.
A ordem dos sexos determina uma ordem
social – compreendida como “natural” – na qual o feminino deve complementar o
masculino, o que não acontece senão pela subordinação psicológica e cultural da
mulher pelo homem.
Essa divisão e hierarquia entre os sexos
afeta em diversos pontos nossas vidas, refletindo também na discriminação em
função da identidade de gênero e da orientação sexual das pessoas. Identidade
de gênero tem a ver com como eu me coloco diante da sociedade, com quais
grupos, imagens e representações eu me identifico mais e me reconheço (se
refere ao gênero com que a pessoa se identifica - por exemplo, um ser humano
que nasce com características físicas do sexo masculino, como: pêlos, voz
grossa, barba, etc., mas não se identifica com o que é considerado ser do
gênero masculino (no caso, usar roupas masculinas, corte de cabelo masculino, e
se identifica mais com o que é considerado feminino, no caso, roupas femininas,
cortes de cabelo feminino, uso de maquiagem, esse indivíduo pode ser
considerado transgênero, pois nasceu com características biologicamente
masculinas mas se identifica socialmente com características femininas).
Já a orientação sexual indica por quais
gêneros o ser humano se sente atraído, tanto emocionalmente quanto fisicamente.
Existe uma gama de conceitos acerca da orientação sexual, como é o caso dos bissexuais (que sentem
atração pelos gêneros masculino e feminino), heterossexuais
(que se sentem atraídos pelo gênero oposto) e homossexuais (que se sentem atraídos por pessoas do mesmo gênero).
Porém, todas essas categorias não conseguem dar conta da enorme diversidade que
existe entre os seres humanos e encontram-se em constante mudança.
Todas essas
categorias citadas anteriormente estão interligadas, uma vez que o padrão
dominante hierárquico entre homens e mulheres faz com que aos homens sejam
sempre atribuídos os papéis de macho provedor das funções sociais, e se
relacione sempre com mulheres (independente de sua orientação sexual, o padrão
vigente das relações entre homens e mulheres, que só comporta a
heterossexualidade, fazem com que as condutas desviantes – ou seja, as pessoas
que se sentem atraídas pelo mesmo gênero, o que as direciona para a categoria
de homossexuais – sejam constantemente punidas e vistas até como patologias).
Apesar dos
avanços, ainda é latente a fragilidade das mulheres nas suas condições de vida,
onde muitas vezes é praticamente impossível o exercício da cidadania, seja num
gesto de denúncia por violência sofrida, seja na reivindicação de salários
igualitários, moradia e educação. Também podemos ver cada vez mais casos de
violência homofóbica (sendo essa violência não apenas física, mas cometida em
pequenos atos de tentativa de ridicularização e de separação de homossexuais e
de pessoas com identidades de gênero diversas das pessoas ditas “normais”).
Deixamos aqui o seguinte questionamento: Qual o nosso papel na promoção
da igualdade entre homens e mulheres e no combate à discriminação por
identidade de gênero e/ou orientação sexual como indivíduos que estão entrando
no espaço acadêmico?