Por Fritz Nunes, com informações do GAPIN
Fotos: Alex Monair e Gabriela Quartiero
Fotos: Alex Monair e Gabriela Quartiero
No ultimo domingo, 23, membros do Grupo de Apoio aos Povos Indígenas (Gapin) junto com estudantes da UFSM realizaram um trabalho voluntário de recolhimento de lixo junto ao acampamento Kaigang nas imediações da estação rodoviária de Santa Maria. Eles alagam que cansaram de esperar que a prefeitura cumpra a sua obrigação.
Cerca de 40 dias atrás, os mesmos estudantes se reuniram a pedido da comunidade indígena para dar início à retirada de uma grande quantidade de resíduos depositados ao longo de muitos anos junto às margens de um afluente do arroio Cancela e que tem colocado em risco a saúde das sete famílias que se encontram de forma permanente no local. Naquela ocasião, tanto representantes estudantis quanto do Gapin contataram a Secretaria Municipal de Proteção Ambiental da Prefeitura, que teria se responsabilizado pela retirada dos montes de lixo no prazo máximo de dois dias após seu recolhimento. No entanto, o acordo não foi cumprido, a comunidade esperou em vão a ação do Poder Público e os resíduos empilhados continuaram no mesmo lugar.
Conforme o Gapin, ao invés de resolver o problema que há mais de um ano acompanha a comunidade Kaigang, a negligência da Prefeitura agrega aos indígenas uma imagem pejorativa, visto que a comunidade atribui a eles o descuido com o local, como relata a liderança do acampamento Natanael Claudino: “Nós, indígenas, temos consciência do meio ambiente, tentamos resolver um pouco esta situação, mas com a demora da prefeitura estão pensando que foi a gente que colocou aquele lixo lá, ficou feio pra nós”.
Frente a esse fato, os estudantes voltaram ao acampamento no último domingo para, além de retomar as atividades, buscar um diálogo com os vizinhos e protestar contra o descaso da Secretaria de Proteção Ambiental. Para isso, moveram uma pequena quantidade do lixo que se encontrava entulhado na parte posterior do acampamento para um espaço com mais visibilidade entre a cerca e meio fio e acima fixaram uma faixa em tom de denúncia. A secretaria alega não contar com veículos em condições para realizar o recolhimento do lixo, no entanto, não parece disposta a tomar nenhuma outra providência.
A partir do mês que vem, até o Natal, uma quantidade maior de famílias Kaigang chega a Santa Maria para vender seu artesanato. Se nada for feito até o próximo mês, os indígenas além de acampar mais uma vez em situação precária terão que disputar com os montes de lixo o espaço oferecido pelo local. Segundo o Gapin, desde 2008 existem tentativas de diálogo para viabilização de um Centro de Cultura e Convivência Kaigang a fim de resolver essa situação.
Em maio deste ano, na presença de representantes do Ministério Público Federal, da Prefeitura e do Estado, houve um compromisso de se responsabilizaram em encontrar e oferecer uma área adequada para construção do referido centro, o que não aconteceu até o momento. Enquanto isso, somente o trabalho voluntário minimiza as dificuldades das famílias indígenas, que além de tudo, recentemente receberam ameaças endereçadas por um suposto proprietário da área ocupada.